O 4º inquérito à literacia financeira da população portuguesa elaborado pelo CNSF (Conselho Nacional de Supervisores Financeiros) indica que Portugal ocupa o 13º lugar no ranking mundial de literacia financeira, numa lista composta por 39 países, com a pontuação de 63,4, valor superior à média dos 20 países da OCDE (62,7).
O relatório do 4º inquérito à literacia financeira da população portuguesa insere-se no plano nacional de formação financeira, publicado recentemente pelo Conselho Nacional de Supervisores Financeiros, Banco de Portugal, Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões e a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Metodologia do 4º Inquérito à literacia financeira da população portuguesa
O questionário do 4º inquérito é composto por cerca de 45 perguntas, na sua maioria definidas pela OCDE e INFE (rede de formação financeira da OCDE, constituída por bancos centrais, reguladores, supervisores financeiros e outras autoridades públicas).
As perguntas caracterizam o perfil de cada entrevistado, o planeamento do orçamento familiar e poupança, produtos financeiros detidos, os principais critérios de escolha e conhecimentos financeiros sobre juros; inflação; risco e retorno das aplicações de poupança. Também inclui perguntas sobre atitudes, comportamentos e conhecimentos de finanças digitais e produtos financeiros sustentáveis.
A amostra obtida para o inquérito consiste em 1510 entrevistas presenciais entre janeiro e fevereiro 2023, as quais foram segmentadas de acordo com 5 critérios de estratificação, género, idade, localização geográfica, situação laboral e nível de escolaridade.
Foram considerados como participantes os cidadãos portugueses residentes no Continente e Regiões Autónomas com, pelo menos, 16 anos de idade.
Indicadores de literacia financeira de Portugal
O documento conclui que a média do indicador global de literacia financeira nacional aumentou ligeiramente em 2023 (62,7 pontos) quando comparado a 2020 (61,8 pontos). No entanto, as médias dos indicadores de atitudes e comportamentos financeiros em 2023 (62,9 pontos e 64,7 pontos respetivamente) são inferiores aos resultados de 2015 (64,1 pontos e 77,8 pontos).
O relatório de literacia financeira conclui que “A grande maioria dos entrevistados paga as contas a tempo (85,9%), evita compras por impulso (85%), considera que não tem demasiadas dívidas (78,5%) e controla sistematicamente as suas finanças pessoais (76,9%)“.
Mínimo observado | Máximo observado | Média | Mediana | Desvio padrão | ||
Indicador de atitudes financeiras | 2023 | 0 | 100 | 62,9 | 62,5 | 20,8 |
2020 | 0 | 100 | 63,5 | 62,5 | 23 | |
2015 | 0 | 100 | 64,1 | 62,5 | 25,2 | |
Indicador de comportamentos financeiros | 2023 | 11,1 | 100 | 64,7 | 66,7 | 18,8 |
2020 | 11,1 | 100 | 65 | 66,7 | 18,3 | |
2015 | 0 | 100 | 69 | 77,8 | 19,3 | |
Indicador de conhecimentos financeiros | 2023 | 0 | 100 | 60,1 | 57,1 | 25,8 |
2020 | 0 | 100 | 56,6 | 57,1 | 27,7 | |
2015 | 0 | 100 | 66,7 | 71,1 | 22 | |
Indicador global de literacia financeira | 2023 | 10 | 97,5 | 62,7 | 65 | 16 |
2020 | 10 | 100 | 61,8 | 62,5 | 16,1 | |
2015 | 10 | 100 | 62,7 | 70 | 14,5 |
Comparação internacional
O documento menciona que, a nível internacional, o ranking é liderado pela Alemanha (76), seguida pela Tailândia (71,4), Hong Kong (70,1), Irlanda (69,7) e Luxemburgo (67,8). A média dos 39 países é de 60,4, um valor 3 pontos abaixo da classificação de Portugal.
Por sua vez, na extremidade oposta do ranking, encontra-se o Iémen (42,3 pontos), Camboja (48,6), Paraguai (49,8), Itália (53,3) e Roménia (54).
O 4º inquérito à literacia financeira da população portuguesa foi realizado em 2023 e contempla a comparação internacional dos níveis de literacia financeira dinamizado pela OCDE/INFE, o que possibilita a comparação de Portugal com outros 38 países que constam no ranking.
Relativamente ao indicador de atitudes financeiras, avaliação atribuída pelos entrevistados às afirmações “vivo para o presente e não me preocupo com o futuro” e “dá-me mais prazer gastar dinheiro do que poupar”, Portugal registou o 7º lugar do ranking, com 63,4 pontos. O top 5 é composto por Tailândia (76,6 pontos), Espanha (69,9), Suécia (66,7), Albânia (66,2) e Alemanha (64,9).
Aproximadamente 69% dos portugueses entrevistados discordam da afirmação “vivo para o presente e não me preocupo com o futuro” (superior à média de 43,8% da OCDE) e 53,6% dos entrevistados de Portugal discorda de “dá-me mais prazer gastar dinheiro do que poupar para o futuro” (contra 43,5% da média dos 39 países).
O Iémen encontra-se novamente no último lugar do ranking, com 31,4 pontos, seguido pela Arábia Saudita, Lituânia, Jordânia e Paraguai. Relativamente a valores médios, a média da OCDE é de 58 pontos e a média dos 39 países é de 55,7.