Consent Preferences
Relatório de Draghi “EU competitiveness: Looking ahead” identifica fragilidades da UE

Relatório de Draghi “EU competitiveness: Looking ahead” identifica fragilidades da UE

Tópicos do Artigo

Mario Draghi, presidente do BCE até 2019 e ex-primeiro-ministro de Itália, apresentou o relatório “EU competitiveness: Looking ahead” que aborda a competitividade da União Europeia a Ursula Von Der Leyen, Presidente da Comissão Europeia.

O relatório de Draghi analisa os desafios enfrentados pelas empresas da UE. As suas conclusões irão contribuir para o trabalho da Comissão Europeia sobre um novo plano para a prosperidade e competitividade sustentáveis da Europa e o desenvolvimento do Clean Industrial Deal (para empresas competitivas e empregos de qualidade) a apresentar nos primeiros 100 dias do novo mandato da Comissão.

O relatório “EU competitiveness: Looking ahead” começa por mencionar a preocupação europeia com o lento crescimento económico que regista desde o início do século XX e, embora tenha desenvolvido estratégias de crescimento, estas não alteraram a tendência. A situação criou uma diferença acentuada entre o PIB da UE e dos EUA, principalmente devido a uma desaceleração mais acentuada da produtividade na Europa.

A gestão do baixo crescimento da Europa foi eficaz e medidas como o aumento da participação feminina no mercado de trabalho e a recuperação do desemprego pós-crise de 2008 mitigaram parte do impacto. No entanto o cenário mudou e a Europa não usufrui das mesmas condições de antes (o comércio global não cresce tão rapidamente, a Europa perdeu o fornecimento de energia da Rússia e as suas dependências tornaram-se vulnerabilidades) e não conseguiu acompanhar a revolução digital, o que ampliou a diferença entre UE e EUA.

O relatório de Draghi considera que o futuro da Europa apresenta desafios, como uma força de trabalho em declínio e necessidade de aumentar a produtividade para financiar investimentos necessários (digitalização, descarbonização e defesa). O relatório também prevê o aumento de investimento para níveis muito superiores aos atuais, sob a pena da Europa abandonar as suas ambições caso não consiga crescer.

Desafios identificados no relatório EU Competitiveness: Looking Ahead

O relatório “EU competitiveness: Looking ahead” menciona 3 principais desafios para a Europa reativar o seu crescimento, eles são:

  • Reduzir a lacuna de inovação face aos EUA e China
  • Descarbonização e competitividade
  • Segurança e redução de dependências

Reduzir a lacuna de inovação face aos EUA e China

A estrutura industrial europeia não promove o aparecimento de novas empresas para inovar e transformar indústrias. Este cenário inibe dinamismo e reduz o investimento das empresas europeias em I&I (investigação e inovação) que em 2021 foi 270 mil milhões de euros inferior ao investimento das empresas dos EUA em I&I.

O continente europeu tem vários pesquisadores e empreendedores, mas a inovação é travada no processo de comercialização pois regulamentações restritivas dificultam o aparecimento das empresas inovadoras, o que leva vários empreendedores europeus a procurar financiamento e a levar os seus negócios para os EUA. Entre 2008 e 2021 aproximadamente 30% dos unicórnios fundados na Europa mudaram as suas sedes para territórios exteriores (principalmente os EUA).

Descarbonização e competitividade

O segundo desafio europeu é um plano conjunto para a descarbonização e competitividade. Os objetivos climáticos da União devem ser acompanhados por uma estratégia coordenada para que a descarbonização se torne uma oportunidade de crescimento, pois sem essa coordenação existe o risco que a descarbonização possa prejudicar o crescimento e competitividade da UE.

As empresas europeias pagam 2 a 3 vezes mais pela eletricidade comparativamente com os EUA e entre 4 a 5 vezes mais pelo gás natural. Esta diferença de preços é originada pela falta de recursos naturais na Europa e por problemas no mercado energético. No entanto a Europa é líder mundial em tecnologias limpas (turbinas eólicas, eletrolisadores e combustíveis de baixo carbono) e pode aproveitar esse ponto para a descarbonização.

Segurança e redução de dependências

O aumento de riscos e tensões geopolíticos na Europa ameaça a segurança e o crescimento sustentável do continente, pois podem provocar a sensação de incerteza e desincentivar investimentos. À medida que a estabilidade geopolítica foi enfraquecida no continente europeu, o risco de insegurança transforma-se numa ameaça ao crescimento e liberdade.

A Europa depara-se com a sua dependência de matérias-primas vindas da China e com uma dependência de importações de tecnologia (75% a 90% da capacidade de produção de chips está concentrada na Ásia) e deverá reduzir ativamente as suas dependências.

Para o conseguir necessita de uma política económica externa que preserve a sua liberdade. Tal pode incluir acordos de comércio preferenciais, investimentos diretos com países ricos em recursos, formação de reservas em áreas criticas e parceria industriais para garantir a sua cadeia de abastecimento.

A Europa deve também tomar medidas sérias para preservar a paz no seu território face ao aumento de ameaças à segurança no próprio continente. A indústria de defesa europeia é bastante fragmentada e tal prejudica a sua capacidade de produção em grande escala.

Propostas EU competitiveness: Looking ahead para restaurar a competitividade da União Europeia

Para além dos desafios acima identificados, o relatório de Draghi apresenta uma série de propostas a implementar a curto ou médio prazo para restaurar a competitividade da UE. Levanta também a questão sobre o financiamento aos investimentos massivos necessários para transformar a economia do continente.

Relativamente ao financiamento, Draghi considera 2 pontos críticos

  1. A europa deve avançar com a União de Mercados de Capital, pois o setor privado não será capaz de suportar os investimentos sem apoio estatal.
  2. As reformas da União Europeia irão gerar um aumento na produtividade (financiamentos conjuntos , aumentar o espaço fiscal e facilitar o apoio do setor público.

O “EU competitiveness: Looking ahead” divide-se entre 10 políticas setoriais e 5 políticas horizontais.

Políticas SetoriaisPolíticas Horizontais
EnergiaAcelerar a inovação
Matérias-primas críticasFechar a lacuna de competências
Digitalização e tecnologias avançadasSustentar o investimento
Redes de banda larga de alta velocidade/capacidadeRevitalizar a concorrência
Computação e IAFortalecer a governança
Semicondutores
Indústrias intensivas em energia
Tecnologias limpas
Automotivo
Defesa
Espaço
Farmacêutico
Transporte

É possível consultar a versão resumida do relatório (69 páginas) ou a versão completa do relatório (328 páginas) no site da Comissão Europeia.

siga a reward consulting em google newssiga a reward consulting em google news

Notícias Relacionadas