A dificuldade de acesso ao financiamento condiciona o empreendedorismo em Portugal, tanto na quantidade como na qualidade do empreendedorismo.
O estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos apresentado em junho de 2022 conclui que a dificuldade no acesso a financiamento é uma barreira sobretudo no empreendedorismo de elevado potencial.
O “Financiamento do Empreendedorismo em Portugal” indica que o empreendedorismo assume um papel fundamental na criação de emprego e no desenvolvimento económico do país.
No entanto, existem obstáculos identificados por potenciais empreendedores para a criação de novos negócios, tais como as restrições ao financiamento.
O programa português “Montante Único” foi alvo de análise pelo estudo coordenado por Miguel A. Ferreira (Nova SBE) para estabelecer uma relação de causa-efeito entre a falta de capital e o empreendedorismo.
O programa Montante Único possibilita a qualquer pessoa abrangida pelo subsídio de desemprego receber antecipadamente o valor total dos seus subsídios (máximo de 47.791€) para começar um negócio.
O programa tem um único requisito, que consiste em que os indivíduos não podem auferir nenhum tempo de rendimentos de trabalho, além dos decorrentes do seu negócio, durante um período de três anos.
O estudo realizado concluiu que os participantes deste programa são, em média, mais velhos e qualificados, pois a média dos seus salários pré-desemprego ronda os 1.170 euros brutos. Pelo que o programa atrai empreendedores de elevado potencial.
Segundo o mesmo estudo, as restrições financeiras são um impedimento à criação de empreendedorismo, pelo que o acesso ao financiamento causa um aumento da probabilidade de um cidadão desempregado se tornar empreendedor.
A redução das restrições de financiamento é sobretudo benéfica na criação de empresas com um maior potencial de crescimento e por empreendedores de elevado potencial.
O “Financiamento do Empreendedorismo em Portugal” conclui que caso os fundos de financiamento fossem aumentados em 1000 euros, existiria um aumento de 11% na probabilidade de um cidadão se tornar empreendedor em Portugal.
No caso de alívio de restrições financeiras, os empreendedores apostam em setores de atividade como a reparação de veículos, comércio (por grosso e a retalho), atividades de consultoria, alojamento e restauração ou indústrias transformadoras.
As empresas geradas via programa Montante Único são em média mais pequenas, com valores de vendas, ativos totais e capitais próprios mais baixos do que as restantes.
Quanto ao regime jurídico adotado na criação do negócio, é 4 vezes mais provável que os empreendedores constituam uma sociedade do que uma empresa em nome individual.
O estudo ainda conclui que os indivíduos com salários mais elevados no pré-desemprego têm uma probabilidade maior de empreender, assim que aliviadas as restrições, do que os indivíduos com salários mais baixos.